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A importância da quinta-feira da semana santa

Introdução

Vivemos em uma época em que as palavras são esvaziadas de seus conceitos originais de forma proposital para poderem ser usadas em outros contextos e – obviamente- com outros propósitos.

O exemplo mais simples que vem na minha cabeça é a antiga palavra caridade. Esta palavra originalmente transmite a ideia daquele amor que surge no coração de Deus e que se manifesta para minha pessoa mas também para meu próximo em ações concretas. Todavia, hoje a palavra caridade é quase um insulto. Pensar que um homem forte e trabalhador seja passível de caridade é -nesta época- um contrasenso, já que a palavra passou a significar um ato quase desprezível de dar o mínimo para quem não tem o que comer. E para piorar, geralmente este “ato de bondade” é feito com material da pior qualidade, ou tirando fotos para poder postar em redes sociais. Ou seja, a pior de todas as situações.

O mesmo acontece com as palavras misericórdia, humildade, bondade, perdão e por ai vai. Lembro de uma ocasião em que alguém ficou extremamente bravo comigo por sugerir que ele era humilde. A reação violentíssima dele demonstrou que eu estava errado e que ele não sabia do que se tratava a humildade. Por duas ocasiões me vi perante pessoas que tinham cometido um erro grave contra outrem e insistiam em que eles tinham que perdoar a parte ofendida quando na realidade o que deveriam de fazer era confessar o fato e pedir o perdão da parte afetada. A lista é interminável.

Com o adágio de “dá para entender”, simplesmente vamos permitindo que as palavras percam seu conceito, passem a significar geralmente o contrário e a comunicação (que é a base dos relacionamentos e as construções humanas) virem uma pequena torre de babel sem qualquer necessidade.

Falando nisso, “adágio” nada mais é do que um provébio popular do qual se pode tirar algum tipo de ensinamento moral. O que chamamos de ditado popular. Com isso entramos em outro assunto que são as palavras esquecidas por falta de uso no dia-a-dia. Quando se juntam as duas coisas a comunicação vira uma torre de babel atômica em que qualquer parte que se mexa, explode tudo pois não há compreensão do que se quer dizer seja pelas palavras, seja pelo conteúdo das mesmas ou seja pelo uso pouco comum destas.

Uma das palavrinhas que é usada nestes dias é Páscoa e ela tem um conceito todo especial para o povo judeu e – por transferência ou posse – também para os cristãos em sua maioria.

Propósito

Busco hoje, que você adquira o uso correto da palavra páscoa e finque uma posição clara e definida ao respeito do que – como cristãos de liturgia livre – pensamos (ou deveríamos pensar) ao respeito. A trilha pela qual chegaremos a essa definição e aplicação prática passa por entender o significado original da palavra e entendermos a aplicação certa e errada que se faz do termo. Como brinde desse percurso vai poder observar o mundo no qual vive com olhos renovados e entenderá a razão pela qual falamos que “somos uma nova criação”

Uma primeira aproximação do texto a ser usado.

Bem sabido é de que gosto bastante do evangelho de João. E também é conhecida a frase de que “é um evangelho desequilibrado”, brincando com a palavra “desequilibrio” tendo plena clareza de que talvez “desbalanceado” faria mais sentido mas não ficaria tão chamativo.

Todavia, quero com isto fazer referência ao fato de que dos 21 capítulos deste evangelho os primeiros 11 (na realidade até o 12:12) são dedicados à encarnação de Jesus e o seu ministério público e privado. Do 12:12 até o 20:23 João nos apresenta apena a última semana de Jesus até sua crucificação e ressurreição, deixando um pequeno epílogo (20:24-21:25) para cuidar de Tomé, os discipulos e Pedro.

Mais da metade do evangelho é usado para essa semana. Logo, ela deve ser muito importante. Uma outra coisa que eu fico admirado é a aussência de um registro entre o 19:42 e 21:1. O sábado simplesmente falta no relato.

O que tem de tão especial essa semana (que coincide com a celebração da páscoa judaica) para nós cristãos do século XXI?

O ápice da semana santa.

Costumamos colocar o ponto mais alto da semana santa como sendo o domingo. E não há erro nenhum nisso e já veremos a razão. Mas há três dias que costumamos esquecer. Talvez por sermos de liturgia livre, não damos tanta atenção a isso. Ou talvez por não entendermos o que esses dias significam. Ou por nunca termos parado sequer para pensar neles.

Venho de uma cultura evangélica livre em que se preza pelo pensamento autônomo mas também pelo andar como um só povo. Não fosse que há virtude nessas duas coisas, diríamos que se trata de uma grande ironía. Todavia, o pensar independente acha sua maior manifestação na compreensão do fato de que ser cristão é pertencer voluntariosamente ao povo que segue Jesus o Cristo.

É por essas e outras que lá temos durante a semana santa diferentes tipos de atividades que relembram os diferentes momentos da semana santa. Aqui no Brasil isso é notoriamente mais um terreno utilizado pelo rebanho católico romano e o reformado. Acho que podemos aprender com eles.

A quinta-feira

Não querendo me estender muito, e precisando que os conceitos burbulhem em sua mente e aqueçam seu coração, elencarei então rápidamente a razão de cada dia ser tão especial assim, antes de debruçar-nos sobre o domingo.

O capítulo 13 de João nos coloca na quinta-feira e o detalhe é “tendo amado os seus que estavam no mundo, os amou até o fim“. Uma outra forma de traduzir seria “mostrou-lhes então que os amou perfeitamente“. Isso é apenas uma nota introdutória para uma seqüência de dialogos e discursos de Jesus centrados em preparar seus discipulos para algo que iria acontecer.

É nesse contexto que encontramos Jesus lavando os pés dos seus discipulos em uma ceremônia privada antecedendo a ceia (13:5-17). Vemos Jesus anunciando que será traído (13:18-30) que Pedro o negará (13:31-38) que é necessário guardar a calma e a fé porque um dia ele voltará para buscar os seus (14:1-3) e que seus discípulos conhecem o caminho ao Pai (14:4).

Mesmo tendo ele gasto três anos mostrando o caminho, vivendo a verdade e sendo a vida entre seus discípulos, eles não tinham compreendido esse fato. Quem traz essa dúvida é Tomé mas do jeito que está colocada, vemos que era uma dúvida do grupo. Suspeito que se eu estivesse entre os doze, também não teria entendido.

Seja como for, ele deixa claro que ele mesmo é – ao mesmo tempo – as três coisas: O caminho, A verdade e A vida (14:5-7). Ele é a realização das três necessidades básicas de todo ser humano em qualquer época. Até uma organização criminosa luta por se manter no caminho escolhido, condena a mentira dentro da sua sociedade e quer – a qualquer custo – preservar sua própria vida. Já Jesus é o climax da revelação divina ao ser humano total.

Mas Filipe (aquele que foi atrás de Natanael, e também o que recebeu os gregos que queriam ver Jesus, e também aquele ao que Jesus perguntou onde conseguiriam pão para alimentão a multidão) reforça a ideia de que -mesmo perante o autor da vida- eles não estavam entendendo coisa nenhuma do que acontecia. Não é de estranhar que hoje, para nós cristãos nominais de qualquer rebanho do século XXI, a quinta-feira nos comunique pouco e nada de forma prática.

A resposta de Jesus é simples na aparência. Superficialmente simples apenas. Mas que a podemos resumir aos efeitos práticos no seguinte: Jesus e o Pai formam uma unidade indivisível; dai que crer no Filho é Crer no Pai e não se pode crer no Pai sem crer no Filho. Eles estão em pé de igualdade. Logo a seguir, Jesus acrescenta o Espirito Santo nesta equação e o lance fica ainda mais confuso pois Judas (não o traidor) continua entendendo toda a operação em termos universalistas ao passo que Jesus volta a insistir na obra limitada do Espírito Santo naqueles que amam Jesus não como ato filosófico, ilusório ou abstrato, mas como seu Senhor. A resposta para Judas vem no final do capitulo 14 (14:31) e indica claramente que é necessário que o mundo saiba que o Filho ama o Pai como seu Senhor. Isto é na mesma forma em que ele espera que seus discípulos o amem.

Logo a seguir, encontramos a parábola da videira e os ramos, o aviso de que o mundo odiará seus discípulos (não apenas que vai achar eles chatos, mas sim que desejará a morte dos mesmos) e insiste na relação estreita que há entre os discípulos, o Filho, o Pai e o Espírito Santo (15:18,19,21,26). Jesus torna a falar do Espírito Santo e sua obra (16:5-16) – que por sinal é magnífica e completa 16:8- e conclui avisando que a tristeza que seus discipulos pronto haveriam de sentir, se convertiria em alegria (16:17-37).

Este momento privado de Jesus com seus discípulos se encerra com uma oração por si mesmo, pelos seus discípulos e pelos que haveriam de crer no futuro, ou seja, cada um de nós.

Tudo isso (13:1 ao 17:26) ou seja, mais de 19% da obra de João é dedicada apenas à quinta-feira da páscoa judaica e aos cuidados e preparativos que Jesus tinha que fazer antes da sua crucificação, morte e resurreição.

A maior parte do material que João utiliza é inédita. Ou seja, não está presente nos outros evangelhos. Isso de por sí só, deveria levar nossos olhos a revirar mais esses textos. A cultura à qual o evangelho de João é encaminhada (a greco-romana) é mais parecida com a nossa do que queremos aceitar. Por isso que este evangelho entre os quatro se encaixa mais nas perguntas que temos e é por isso que o escolho recorrentemente para a cosmovisão que tenho sobre a ação de Jesus o Cristo na sua criação.

Logo a seguir, temos o relato da prisão, a crucificação, a morte, o silêncio de sábado e a resurreição. Tudo isso apertado em dois capítulos e meio (18:1 – 20:22) que representam 11% do livro de João. Se levamos em conta que 18:1-18:27 ainda acontece na noite de quinta para sexta, a nossa atenção deveria ser redobrada para aquele dia sem por isso tirar alguma atenção da sexta, do sábado e do domingo.

Todavia, como geralemente sexta e domingo recebem bastante atenção gostaria de centrar minha atenção na quinta e no sábado (o dia mais relatado e o dia mais esquecido de João) para tentar sugerir que o foco da vida da igreja é a fé, resolução e esperança que Jesus queria estabelecer nos seus discípulos nesse dia já que se fosse após, não seria mais pela fé.

A páscoa

Falar em páscoa judia é um pleonasmo. Todavia, é uma redundância necessária pois achamos que a páscoa é cristã.

Aliás, com tanto ovinho feito de chocolate e coelhos saltitantes o significado original da páscoa tem se perdido que nem o do natal com seu Papai Noel, sua árvore, e seus presentes não dados mais ao menino rei mas sim às crianças que as temos colocado (de forma absurda e errada) como reis do lar, com o qual damos lugar a gerações cada vez mais frágeis e quebradiças. A estratagema de tirar o conteúdo original da palavra e substituir por outro igual e contrário tem dado certo. Ninguém associa Jesus com Natal nem com a Páscoa.

Se faz necessário, então, usar a redundância, o pleonasmo, a repetição de “Páscoa Judaica” para chamar a atenção sobre o fato de que ela tem um significado e não é exatamente o que celebramos como cristãos e em especial como cristãos de liturgia livre.

Para os judeus, a páscoa é a celebração da libertação liderada por Moisés do Egito. A palavra páscoa tem origem na palavra hebraica חג הפסחא (Pêssach) que significa “passar além”. Não só faz referência a passar adiante geográficamente no sentido de sairem do Egito, mas também no passar além da escravidão chegando à liberdade.

É então a festa que marca o inicio do êxodo do povo hebreu. E o Êxodo marca o inicio do ano judeu. Então a sensação que nós sentimos perto do Natal é semelhante à que os Judeus sentem nesta data toda especial para eles.

Encontramos o relato em Êxodo 12.

O Êxodo

A páscoa é uma celebração feita antes da saída, onde não haviam garantias nenhuma ainda de que iriam sair. As ultimas noticias que tinham era que o rei egipcio estava endurecido (11:10).

O cordeiro pascal (que havia sido separado no dêcimo dia do mês) seria morto à tarde do decimoquarto dia ao mesmo tempo em todas as casas (12:6).

Sempre lembro da vez que vi meu vó matar um cordeiro. Eles morrem sem fazer barulho, em completo silêncio. Não é errado imaginar como essa imagem se impregrnaria na retina dos mais novos.

A primeira coisa a ser feita após matar o cordeiro, era um ato de fé também: o sangue seria usado para marcar o batente da porta do local onde seria comido mais tarde. Geralmente queremos injetar no texto a ideia de uma coisa pesarosa, angustiante. Só quem já comeu cordeiro assado com algum molho amargo sabe o gostoso da mistura. Um pão não fermentado acompanharia essa ceia da qual não poderia sobrar nada (12:10) Ela seria comida de forma apressada, prontos para partir (12:11).

Enquanto isso acontecia do lado de dentro da casa, o pior dos terrores dos egipcios estava acontecendo. Lembre-se que a religião deles lhes garantia que era necessário fazer os rituais noturnos apropriados para poder ajudar o sol a vencer seus inimigos noturnos e sair novamente o dia seguinte. O “Terror Noturno” do que fala o salmo 91 ou a “peste que se move sorrateira nas trevas” aparentemente faz referência a esse pavor que noite após noite tomava conta dos egipcios.

Após Yavé destronar as divindades egipcias restava um último ato que mostraria sua superioridade como único Deus mas também sua justa vingança pela morte dos filhos hebreus relatada em Êxodo 1:22; a morte dos primogénitos egipcios. A soma de todos os medos egipcios tivera sua completa vazão nessa noite em que o anjo do Senhor passara sobre o Egito varrendo com mortandade todas as casas do Egito (12:29) poupando apenas as casas em que -pela fé- tinham marcado o batente da porta com sangue do cordeiro.

Logo depois, na manhã seguinte, os hebreus sairiam do Egito para nunca mais voltar. Era o início de uma nova época para o povo. A liberdade (com todos seus sensabores) se descortinava perante eles, ficando para atrás não apenas 430 anos de escravidão mas também os últimos meses de angustia ocasionados pela resposta de Deus ao clamor do povo.

A páscoa é então esta celebração anual que os judeus têm desde aquela época até o presente. E é numa festa dessas que encontramos Jesus com seus discípulos nas passagens que nos ocupam hoje.

A celebração cristã

É na páscoa judaica que Jesus é preso, morto e resurreto. Esse é nosso ponto de contato com a páscoa judaica. O cordeiro pascal perfeito (Jesus o Cristo) já foi sacrificado (1 Co. 5:17) não havendo – portanto – possibilidade de celebrarmos outra páscoa. O que nos resta é a celebração da ceia do Senhor que é a ordenança por meio da qual relembramos e anunciamos a morte de Jesus o Senhor e Messias até que ele volte.

Todavia, é também a páscoa judaica e a ceia cristã o ponto de inicio de uma nova criação. Assim como a primeira páscoa é o inicio do ano hebreu, o inicio do êxodo que depois daria lugar à conquista da terra prometida, é a ceia do Senhor (a última da qual ele participou até voltar Mt.26:29) o inicio de uma coisa completamente nova. Em certo sentido é nosso Êxodo mas também nossa Gênesis. Ou seja, o nosso peregrinar nesta terra, mas também o inicio da nova criação.

Geralmente as pessoas que habitam este planeta podem ser agrupadas em dois grandes categorias: aqueles que acham que Deus sim criou o mundo mas o deixou abandonado a sua própria sorte e os que acreditam que chegar ao prazer sem sentir nenhum tipo de dor ou efeito dos afetos é o ideal.

A ceia do Senhor nos relembra aos cristãos que exatamente estamos fora desses dois grupos. Primeiro porque o prazer pessoal nunca pode ser a filosofía de vida já que ele está preso a esta criação. A não ser que seu maior prazer seja Jesus o Cristo, não há lugar para ser o prazer sem dor a bússola de sua vida. Segundo porque é exatamente na ultima páscoa celebrada e na primeira ceia que vemos que Deus não deixou sua criação degringolar.

A criação

Ele não fez robozinhos aos quais se dá corda e se abandona rodando sozinhos. Adão, Noé e Abraão são apenas precursores de um mesmo projeto: uma criação com vida própria cuja maior alegria é servir seu criador com espírito voluntarioso.

Nesse sentido, Jesús – então – não é um plano de emergência ativado de última hora porque nem Adão, nem Noé, nem Abraão conseguiram atingir o alvo de criar uma familia universal consagrada a servir alegremente ao criador. Trata-se na realidade da realização do projeto original em que apenas Deus – o criador – leva absolutamente toda a gloria.

Se Adão, Noé ou Abraão tivessem conseguido o alvo de se tornarem um único povo ou uma única e extensa familia de adoradores, logo, o plano original não teria razão de ser pois Deus seria – basicamente – redundante.

Celebramos então – junto com toda a atividade da quinta-feira e o silêncio do sábado – a consumação do plano divino: o inicio de uma nova ordem cósmica em que o Rei conquista o território e ocupa o lugar que lhe é por direito seu e que seus servos insitiram muitas vezes em dar ao seu inimigo.

Se paramos um pouco para olhar a última palavra de Jesus antes da sua morte registrada por João no 19:30 “tetelestai” – “está consumado” precisamos parar e ficar em silêncio observando essa manifestação do Rei.

Não se trata apenas de uma palavra se bem que ela aparece apenas duas vezes no Novo Testamento (João 19:28 e 19:30) mas uma declaração formal de que a sexta-feira da nova criação chegara ao fim. Na primeira criação o homem é criado na sexta-feira. Na segunda criação o homem perfeito morre na sexta-feira para poder dar lugar à nova criação.

Da mesma forma que na primeira criação Deus descansou das suas obras (Gên 2:2;3) João nos registra um dia inteiro de silêncio sem nenhum registro. Ou dito de outra forma: não há sequer uma linha escrita no evangelho de João ao respeito do sábado. Tetelestai: está consumado; agora vem o descanso.

Na primeira criação sendo o homem criado na sexta feira, o primeiro dia completo dele seria o sábado ou o dia de descanso.

Na segunda criação o homem perfeito descansa o sábado inteiro.

Os dois sábados nos levam apenas à conclusão de que Deus continua no controle. Ao final das contas, é exatamente o que o sábado relembra: independente do seu esforço a criação continua funcionando na boa.

A morte não pode impedir Deus de realizar sua obra. Da mesma forma que a morte entrou por meio de Adão, é por meio de Jesus que a vida entra profusamente na antiga criação. A ordem se inverte colocando as coisas de novo no lugar que eram para estar sempre.

É exatamente isso que celebramos: Jesus colocou as coisas de novo no lugar e ele tomou as rédeas. A vida – que hoje se extende a todos – só é possível porque Jesus o Ungido nos libertou da escravidão.

Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, dentre todos os homens somos os mais dignos de compaixão.
Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo as primícias dentre aqueles que dormiram.
Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem.
Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados.
Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem.
Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder.
Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés.
O último inimigo a ser destruído é a morte.

1 Coríntios 15:19-26

Essa nova ordem mundial, que está sendo implementada não pelas instituições cristãs mas pela vida transformada daqueles que tem entregado a vida ao Rei, terá sua realização completa na segunda vinda de Jesus o Cristo.

Propósito de vida

É esta a razão de existência da igreja. Não apenas de cada congregação local, mas da Igreja do Senhor que não conhece limites de credo, raça, sexo ou passado como vemos em Efésios 2.

É apenas em razão da morte e ressurreição de Jesus que você e eu podemos ter a vida do Eterno em nós mas também ter acesso à vida eterna já iniciada. Essa nova ordem não se distancia muito daqueles propósitos originais que Deus tinha na criação. Não poderia ser diferente, já que o que Deus está fazendo hoje por meio da igreja é colocar essa criação em ordem até chegar o momento adequado de eliminar os inimigos que ainda – abusando da liberdade – se levantam contra a ação de Deus.

É por isso que tudo que você faz, cobra um novo brilho e um novo sentido, porque não se trata de grandes construções físicas ou materiais mas apenas de saber tocar com ternura e firmeza a vida do próximo.

Contudo, pode ser que você desanime. Que em algum momento diga: a vida cristã não vale a pena; estou cansado; de nada vale meu esforço; tudo o que aqui fizer aqui vai ficar; o que vale é a alma apenas e por ai vai.

Lembre então do seguinte versículo:

Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil.

1 Coríntios 15:58

Mis alambrecitos y Sus clavos

El castigo que nos trajo la paz estaba sobre Él

Marco es un buen amigo y hermano de una iglesia local que solemos frecuentar.

Él también pasó por una operación de pecho abierto y una mañana cualquiera me dijo: “Sé dónde están mis alambrecitos”. Listo: me quedé fijado con aquello. No quería saber dónde estaban mis alambrecitos. Déjalos quietos dentro. Ni me recuerdes de ellos.

Para quien no sabe, cuando su pecho es abierto él necesita ser sujeto con alambres. Su responsabilidad es quedarse de reposo absoluto hasta que los alambrecitos hagan el servicio de ellos que es sólo mantener el hueso en el lugar hasta que él se suelde correcta y completamente. Pienso – en mi desconocimiento – que después de eso podrían ser retirados por no ser más necesarios ya que cumplieron su misión …. pero eso no me parece que sería una opción viable.

Hay dias que te despiertas y no hay sensación de que haya ocurrido un cambio tan grande en tu pecho. Ahi te quedas quieto, como que queriendo recordar cómo era la vida antes de la intervención. En algún momento te tienes que mover porque al final de cuentas tiene que salir de la cama, y ahí te acuerdas que tu pecho está allí en el lugar por los alambrecitos.

Hace algunos años-en 2001 más precisamente-cuando tuve que predicar por primera vez después de mi ex y yo habíamos perdido a Natán en los días de su nacimiento, recuerdo que me centré en la muerte de Jesús en la cruz y divagué por la idea de cómo Dios padre debe haberse sentido cuando ocurrió la muerte de su Hijo unigénito. Si no hubiera muerte de un justo, no habría posibilidad de retirar del diablo el poder sobre la muerte ya que ella es el pago justo por el pecado. Si la muerte fuera sólo una simulación, no habría posibilidad de romper ese lazo pues sería una mentira – que es un pecado – haciendo de todo el rescate una gran payasada. La muerte de Jesús, el Cristo, debía ser completamente real. Así, el sufrimiento del Padre debe haber sido también terrible al final de cuentas, omnipresente de la manera que es, no podría esconderse muy lejos del hijo mientras decía “por qué me abandoneste?”

Años se pasaron y mis alambrecitos me hacen reflexionar en los clavos que fijaron a Jesús en la cruz. Más que los clavos, lo que fijó a Cristo allí fue la propia decisión de sufrir en nuestro lugar. Entonces más que en los clavos pienso en la mutación del perfecto divino para el completo humano y cómo eso cambió no sólo nuestra historia, sino también la historia de lo divino.

Me parece que poco paramos para pensar que la mutación sufrida por Cristo ocurre en tiempo específico (Ef.1: 10 y Gá.4: 4) y las consecuencias de ello son por la eternidad. Es decir, Jesús después de la glorificación no vuelve a su estado inicial, sino que sigue siendo el hombre perfecto. Por eso es el primogénito de la resurrección. Como él es, nosotros seremos (1Jo.3: 2, Fil.3: 21). Él vino a nosotros, pero vamos a él y gracias a él. Cuando vuelva, será perfectamente reconocible (Lc.21: 27, Ap. 1: 7)

Entonces no se trata más que de decir que Jesús es Dios encarnado pero también de fijar que las consecuencias de ello se extienden por la semi-eternidad que comenzó en el acto de la encarnación. Y con encarnación no me refiero al nacimiento, sino a la misma fecundación.

Mis alambrecitos me acompañarán a la tumba. En caso de ser cremado, ellos se derretiran y fundiran con el material orgánico y otra parte se volverá volátil. Pero si es enterrado, cuando me pongan en la urna, allí estarán mis alambrecitos como un recordatorio constante de haber pasado por el fondo del ojo de la aguja.

¿Cómo será con Jesús? ¿Recuerda cómo era antes de los clavos? Y si recuerda, cómo lo hace? Siendo que es victorioso, ¿hay posibilidad de que sienta nostalgia sobre el estado anterior? Sé que voy lejos con estas preguntas pero creo que son válidas para tal vez de alguna manera hacerle entender -querido lector- que el sacrificio completo fue realizado por Cristo y no sirve de nada intentar conquistar cualquier cosa eterna por las obras. También no es posible torcer el brazo del creador como si de una pulseada se tratase, ya que lo hizo todo y de forma completa. Si no fuera una obra completa, ¿para qué hacerla?

Bueno, sea como sea, mis alambrecitos me recuerdan los clavos de Él.