Cristo, nosso cordeiro pascoal foi crucificado

Pensar na pascoa é, para muitas pessoas, sinónimo de festa, ovos de chocolates, reencontro com a familia. Eu acho que isso tudo tem seu valor e que deve ser feito, mas despe a páscoa do seu verdadeiro significado original. Uma segunda coisa é indagar se é possível para um cristão celebrar a páscoa.

A pascoa como tal nada mais é do que uma festa judia (e judaizante) na que se celebra o Pessach, ou seja, a passagem do anjo da morte na terra do egito pouco antes da liberação do povo judeu. No sentido de liberação, nada mais apropriado do que concordar com o apóstolo Paulo de que “Cristo nosso cordeiro pascoal já foi sacrificado” (1Co.5:7) já que -de fato- Jesus o Cristo é nosso grande libertador. Nada se compara a ele e e nele que o Pessach tem seu significado realizado por completo.

Porém, a sociedade tem gradativamente desvirtuado esta verdade simples. Para falar a verdade a sociedade não está nem ai para o significado da pascoa ou do natal. O problema é que a igreja institucionalizada (grande ou pequena) gosta de se prostituir atras da ideia de que tem que “atrair” as pessoas. Se Jesus fosse um produto, uma coisa a ser vendida, eu até concordaria. Nada mais apropriado e justo do que engabelar seu cliente falando coisas que ele quer ouvir, lhe dando aquilo que ele quer obter, para o seu produto ser mais vendido e com isso engrandecer os lucros de quem vende.

Das dias grandes datas cristãs – o natal e a pascoa- é com certeza a páscoa e não o natal a que celebramos em data mais certa. Porém, tanto uma como outra se presta parta conchavos politico-econômicos. O que atrai para o Cristo tem que ser o próprio Cristo. E – se possível – crucificado. Ao menos era isso o que ele pretendia ao relembrar da serpente erguida por Moises no deserto. Logo, se era isso que ele queria, para que eu me meter com isso?

No se trata de coelhos, se trata de um cordeiro. Não se trata de chocolate e sim de sangue. E não se trata de muita vida e sim de morte. Paulo escrevendo aos corintios faz a mesma menção na ceia (que lembremos: Jesus celebrou a sua última ceia justamente durante a pascoa) ao dizer: “Todas as vezes que beberdes deste calice… a morte do Senhor anunciais até que ele venha”. E ele mesmo quando no inicio da carta diz qual era sua mensagem fala: “anunciar a Cristo, e este crucificado”

Sim, claro que sei que a vitória na cruz é essencial à fé cristã; mas isso é no domingo.  Sexta e sábado celebramos – sim, celebramos – a morte de Jesus. Ao final das contas é por conta desta morte que você e eu não temos que pagar pelos nossos próprios pecados.

Então, para que sujar uma mensagem tão especial com ideias vindas do paganismo? Para que prostituir a mensagem? Para que desvirtuar o que é grandioso? Eu lhe direi: Para não sermos engolidos pela concorrência. Tudo tem se transformado numa luta imbecil por números. Não há mais vida. Apenas os números importam. Pastores jovens são massacrados e trucidados apenas por esta simples e diabólica ideia: Sua igreja precisa ser grande.

Paremos de brincar com fogo. Abandonemos de forma prática essa afronta. Passemos para a minoria, façamos eco da nossa eleição em Cristo. E paremos de ensinar aos nossos filhos e netos que está bem se prostituir nas ideias contanto “mais alguém seja alcançado”. Ninguém alcança ninguém, apenas o Espirito Santo convence de pecado, justiça e juízo. Sem isso, nada feito.

Sobre Esteban D. Dortta

Esteban é um pastor evangélico. Estudou teologia no Seminário Teológico Batista do Uruguai entre 1991 e 1994. Nascido em 1971, vive no Brasil desde 1995. Entende que a liberdade de pensamento, expressão e reunião são essenciais para o desenvolvimento não apenas cristão, mas de toda a sociedade.