Repare na forma em que disponibilizamos as pessoas no evento do culto público. Pense um pouco em como isso se dá na sua congregação. E no ambiente. Já pensou no ambiente?
Não interessa se é um grupo enorme ou um grupo muito pequeno. Quase sem distinção há um espaço reservado para os que cultuam e outro para os que “assistem ao culto” e o alvo parece ser reter quando não conquistar novos adeptos a essa miragem artificial.
Sim, o culto contemporâneo é uma miscelânea de espetáculos buscando o maior número de assistentes ou a assimilação dos mesmos. Obvio que isso é uma generalização brutal, mas se pararmos para observar se tratam apenas de teatralizações adquiridas da sociedade. Seja a do século XVI ou a do século XX. Já já veremos a adquisição do modelo do S.XXI
O rito de pessoas especiais mostradas e vistas na frente do local de atividade cultual nos remete aos ritos da idade média em que os reis e os clérigos estavam em posição de destaque e – talvez por uma questão meramente de organização acústica – deviam ser ouvidos. Essa distribuição física acaba representando de forma aproximadamente perene a ideia de que o povo é uma coisa e os que cultuam é outra. Isso se observa facilmente nas igrejas reformadas e nas históricas. Sejam episcopais ou congregacionais, nelas todas há um lugar especial para os escolhidos e outro para o povo. Teologicamente afirmamos que somos igreja e cultuamos juntos, mas na hora de pôr isso por palavras dizemos “vamos à igreja a assistir ao culto”
Uma inovação visível nesse modelo, é a adoção de outro modelo, não já do teatro ou da corte do século XVI mas da televisão e outros espetáculos do século XX. Todo tipo de efeito especial é aceito e encorajado: desde música de fundo, passando por iluminação especial, chegando a aparições fantásticas. Um verdadeiro desastre.
A teatralização de um Deus distante e inatingível (que era a forma correta sobre a qual o tabernáculo e depois o templo foram erigidos) é a figura mais incorreta a ser transmitida para o povo, para a pessoa comum, o homem de a pé. Essa pessoa comum e silvestre precisa entender que Deus se aproximou ao homem por pura graça e por um genuíno interesse divino em redimir a sua criação toda (e não apenas a alma do homem na visão platonista do ser humano). O Deus expresso no Novo Testamento é aquele que toca no leproso e não o que mora de forma distante e inatingível.
De um jeito ou de outro, à moda do S.XVI ou do S.XX, tudo isso só confunde quem de fato está em busca da verdade e o afasta da mensagem central de fazer justiça, misericórdia e ser humilde perante Deus (Mq.7:8) ou também ajudar o oprimido, fazer justiça ao órfão e tratar da causa das viúvas (Is.1:10-17)
Ou dito de forma mais brutal: é apenas um entretenimento; uma perda de tempo.