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Só faltam fogos de artifício

Repare na forma em que disponibilizamos as pessoas no evento do culto público. Pense um pouco em como isso se dá na sua congregação. E no ambiente. Já pensou no ambiente?

Não interessa se é um grupo enorme ou um grupo muito pequeno. Quase sem distinção há um espaço reservado para os que cultuam e outro para os que “assistem ao culto” e o alvo parece ser reter quando não conquistar novos adeptos a essa miragem artificial.

Sim, o culto contemporâneo é uma miscelânea de espetáculos buscando o maior número de assistentes ou a assimilação dos mesmos. Obvio que isso é uma generalização brutal, mas se pararmos para observar se tratam apenas de teatralizações adquiridas da sociedade. Seja a do século XVI ou a do século XX. Já já veremos a adquisição do modelo do S.XXI

O rito de pessoas especiais mostradas e vistas na frente do local de atividade cultual nos remete aos ritos da idade média em que os reis e os clérigos estavam em posição de destaque e – talvez por uma questão meramente de organização acústica – deviam ser ouvidos. Essa distribuição física acaba representando de forma aproximadamente perene a ideia de que o povo é uma coisa e os que cultuam é outra. Isso se observa facilmente nas igrejas reformadas e nas históricas. Sejam episcopais ou congregacionais, nelas todas há um lugar especial para os escolhidos e outro para o povo. Teologicamente afirmamos que somos igreja e cultuamos juntos, mas na hora de pôr isso por palavras dizemos “vamos à igreja a assistir ao culto”

Uma inovação visível nesse modelo, é a adoção de outro modelo, não já do teatro ou da corte do século XVI mas da televisão e outros espetáculos do século XX. Todo tipo de efeito especial é aceito e encorajado: desde música de fundo, passando por iluminação especial, chegando a aparições fantásticas. Um verdadeiro desastre.

A teatralização de um Deus distante e inatingível (que era a forma correta sobre a qual o tabernáculo e depois o templo foram erigidos) é a figura mais incorreta a ser transmitida para o povo, para a pessoa comum, o homem de a pé. Essa pessoa comum e silvestre precisa entender que Deus se aproximou ao homem por pura graça e por um genuíno interesse divino em redimir a sua criação toda (e não apenas a alma do homem na visão platonista do ser humano). O Deus expresso no Novo Testamento é aquele que toca no leproso e não o que mora de forma distante e inatingível.

De um jeito ou de outro, à moda do S.XVI ou do S.XX, tudo isso só confunde quem de fato está em busca da verdade e o afasta da mensagem central de fazer justiça, misericórdia e ser humilde perante Deus (Mq.7:8) ou também ajudar o oprimido, fazer justiça ao órfão e tratar da causa das viúvas (Is.1:10-17)

Ou dito de forma mais brutal: é apenas um entretenimento; uma perda de tempo.

A convergência dos tempos

Jesus não é nenhum plano alternativo ou coisa similar.

Todavia, pode se dizer que era necessário que isso ficasse de alguma forma claro além de toda dúvida razoável. 

Se a convocatória no antigo testamento era para o povo ser “luz para as nações” atraindo a si todas as nações, vemos no novo testamento que essa luz é o próprio Deus encarnado e que ele atrai para si todos os povos da terra.

Se no antigo testamento havia por causa de um só homem entrado o pecado no mundo, assim também no novo testamento a vida se manifesta a partir de um único ser humano.

Então, seguindo a ilustração da luz, no antigo testamento temos uma lente convergente apontando para o Messias que haveria de vir ao passo que no novo testamento, podemos imaginar uma lente divergente em que a luz de Deus volta a irradiar para todos os homens numa analogia do que acontecera com o primeiro casal.

Não há ponto mais alto na história do que o da encarnação. Até mesmo o da segunda vinda não será mais alto (ainda que seja mais contundente e inegável) já que é no Cristo que convergem todas as coisas criadas e eternas (Ef.1:10)

O rei esquecido

É comum em nossa cultura que — com a proximidade das festas natalinas — as nossas mentes individuais voltem seu foco para pensar em reuniões familiares, presentes, encontros, comidas…

Lembro de pequeno a gostosa sensação de leve ansiedade que produziam os dias que antecediam à celebração do natal. Ver os presentes que nossos pais compraram e colocado ao pé da árvore que tínhamos cortado de algum bosque de pinheiros não muito longe com meu pai. Saíamos em algum veículo que ele pudesse arranjar, íamos até algum lugar onde houvessem muitos pinheiros, escolhíamos um galho bonito e o cortávamos. Depois o levávamos para casa e o colocávamos na casa para mais tarde colocarmos os adornos nele. O cheiro do pinheiro permeava a casa inteira.

Esse rito (que foi repetido por alguns anos quando eu era pequeno) marcava a chegada de um momento todo especial. Era obvio que conhecíamos o sentido do natal de cor e salteado. Tínhamos uma clara consciência de que celebrávamos a encarnação do Deus da eternidade em um ser humano limitado, mas as lembranças não são de cunho teológico e sim emotivo. Nada, no ano inteiro, tinha como concorrer com o natal. Nem sequer o dia dos reis (celebrado no Uruguai – pais de formação laica e liberal – no seis de janeiro) em que também se ganhava presentes, nem a virada de ano e nem o próprio aniversário. Nada, era tão almejado como o natal. Mesmo com a chegada da comercialização e a mercantilização das festas natalinas, nada concorria com essa sensação de aconchego, esperança, segurança, conexão, intimidade, liberdade, estabilidade e tantas outras coisas que a celebração do natal trazia para a gente.

O próprio jantar de natal (que era ao final das contas o ápice de todos esses dias de espera) era toda uma festa à parte. Lembro que minha mãe tomava o cuidado de comprar algumas coisas especiais meses antes. Quem vive lugares onde as estações são bem marcadas sabe haver algumas coisas que mudam radicalmente de preço e de disponibilidade com o passar dos meses ou – no caso de primavera para verão – de algumas semanas. Essas coisas que fariam parte do jantar, eram guardadas e reservadas para aquele único jantar. Nem sempre era um jantar muito farto já que as décadas de 70 e 80 não eram especialmente bem abastadas, mas sabíamos podermos esperar algo diferente.

Os anos foram passando e se alguém me pergunta hoje sobre alguma comida ou algum enfeite especifico colocado na árvore, ou se lembro de algum presente de forma específica lamentavelmente não consigo lembrar. Fiz o exercício de tentar lembrar de algum desses detalhes enquanto escrevia este texto, mas não consigo lembrar de nenhum.

Mas eu lembro da felicidade. Lembro dos rostos iluminados. Lembro da alegria das minhas irmãs, do sorriso dos meus pais. Lembro … de cada coisa boa.

Lentamente e de forma sorrateira, a amargura da vida, as iras, as raivas, os ódios foram se acumulando. Em algum momento o próprio Rei foi esquecido e totalmente abandonado e a festa nunca mais foi a mesma.


Meu desejo, do fundo do meu coração, é que neste natal, você, meu querido leitor, separe um momento para ver o que está ao seu alcance para impedir que o Rei da festa seja esquecido. De outra forma, mesmo levando o nome de Natal estaremos celebrando apenas o desterro dele do lugar de onde nunca poderia ter sido desterrado: nossa própria existência.

A Igreja na Pandemia

A Igreja (não como instituição, mas assim, com maiuscula, como corpo vivo de Cristo) tem passado por varias e boas ao longo da sua existência.

É facil nos distanciarmos de certos períodos (como o da idade média) dizendo “ah, não, isso não fomos nós, foram eles” e não nos permitir a chance de aprender com erros do passado.

Obvio que – como fruto da reforma – não posso aplicar um plural e dizer “sim, fomos nós!” mas por outro lado, devo ter a suficiente humildade para reconhecer que respondemos solidariamente por tudo o que se chame de “igreja cristã” perante a sociedade.

Estamos -mais uma vez- perante um desafio descomunal. Uma coisa que transborda nossa capacidade humana de compreensão. É tempo de abandonar -então- certas aproximações obscurantistas sobre o problema que nos é comum a todos os seres humanos que habitamos este planeta e entregar-nos juntos à busca de uma solução que venha a ser de bênção a cristãos, musulmanos, hindus, ateus, ou seja: ao ser humano como um todo.

É verdade que – por exemplo – na desgraça da segunda guerra, houveram pessoas que se ergueram como gigantes e nos carregaram nas costas. E é também verdade que houveram -agora sim no pequeno rebanho reformado- pessoas do porte de Karl Barth que se atreveram a enfrentar -de forma aberta e direta- a profunda escuridão que se levantava sobre a raça humana.

Porém, não deixa de ser vergonhosa verdade, que houveram muitos cristãos de uma e outra vertente que se lançaram sobre o problema com soluções covardemente prontas sem se atrever a analisar a realidade.

Situação semelhante – voltando no tempo – nos aconteceu com a gripe espanhola e com a primeira guerra mundial. Mas é obvio que o evento que mais se parece com o atual é o da peste negra ou peste bubônica sobre a Europa.

Foi na peste que o ritual se mostrou completamente inutil como de fato é. Foi na peste que nossa maior lição como Igreja deveria ter sido aprendida. Mas foi exatamente nela que abandonamos o posto. Obvio, claro, que sempre houveram inquietos homens que se atreveram a trilhar caminhos diferentes dos já conhecidos. Mas quando tomamos distância do evento, vemos que esses pobres herois de nada serviram no que veio a seguir: o desmoronamento total da sociedade feudal e o descalabro da igreja de Roma que -não por acaso- seguiam estruturas similares.

Agora, nos encontramos perante situação igual e com pessoas sofrendo por coisas que não merecem o sofrimento. Me refiro ao fato de se a igreja vai poder se congregar ou não. Se os membros vão ou não voltar para os rebanhos locais. Se a forma de fazer culto vai ser retomada. Se …. se cabem ou não 500 anjos na ponta de um alfinete.

É obvio que mudou. É evidente que não podemos masi continuar a querer cultuar como era há 500 anos atrás. É notório que devemos abandonar o navio e nos atrevermos na mata virgem. Se realmente nos interesam as vidas dos que se perdem, nada mais natural de que ir até eles onde eles estão e não esperar que -sei lá porquê razão- eles venham até nosso conforto.

Aproveite a oportunidade. Se abra para o novo normal.

A (in)utilidade de congregar-se

Hoje fala-se muito em como é inútil se congregar. A ideia básica é que a instituição oprime e esmaga o indivíduo. Está tão presente a ideia de liberdade e de como ela haveria de se manifestar nos anseios particulares que nos parece uma coisa de loucos o que qualquer instituição religiosa queira fazer com o indivíduo.

Eu concordo com essa ideia. Se a instituição está para esmagar e tirar a individualidade, então ela apenas existe para si tendo-se tornado um fim em si mesma e não merece a atenção de qualquer pessoa. Conheço várias denominações não por te-las estudado academicamente mas por ter participado delas e em cada uma delas se ouve a mesma crítica. Não interessa se ela é pequena ou grande, barulhenta ou calada, liberal ou tradicional; a crítica é a mesma. Misteriosamente é a única instituição que criticamos com tanta veemência. Quando se trata de serviço, por exemplo, engolimos gatos e sapatos pois o sustento vem de lá.

A partir de esse ponto, começamos a construir uma caminhada independentista visando – no melhor dos casos – vivenciar uma vida cristã mais parecida com um ideal de liberdade que nos parece particularmente correto. Não nos resulta justo que se nos diga o que fazer, como fazer ou quando fazer ou com quem fazer. Não nos parece ético que nosso dinheiro seja gasto para ajudar certos indivíduos de caráter duvidoso. Não nos resulta correto que haja tanta gente envolvida nas decisões que – achamos – deveriam ser de cunho pessoal.

Sabe o que? Eu penso assim também. É inútil congregar-se em um lugar onde a injustiça impere, a ética seja fajuta, e percamos nossa liberdade de decisão. Isso não tem nada de cristão nem de certo nem de bom. Liberte-se. Saia. Ou fique para mudar, mas do jeito que está não pode ficar. Sua sã e imaculada consciência cristã o impedem de concordar com isso?. Então, haja.

Nossa sociedade está cada vez mais acostumada a paparico e mimo de tudo quanto é espécie. E -como pertencemos a esta sociedade- não poderíamos ser diferentes. A verdade, está longe de isso tudo aqui. Se bem é verdade que a instituição religiosa é um fardo que deveria ser arrancado e eliminado, não é verdade que o não congregar-se é a solução. Também não serve chamar de congregar-se a qualquer café da manhã feito na casa de algum irmão que compartilhe da mesma ideia (ou não). Também é falaz equiparar o ato de se congregar ao de pertencer a uma instituição religiosa ou ao de trabalhar ou de pertencer ao corpo da paz da ONU. São coisas essencialmente diferentes e é exatamente ali, na descoberta do que é de fato essencial, onde falhamos.

A vida cristã -pelo fato de ser vida- é dinâmica e ela precisa do Espirito Santo para florescer. Não há como espremer em termos suficientemente adequados a profundidade dessa dinâmica na vida do ser cristão. Agora, pense no seguinte: Tem você todos os dons? Está em você toda a plenitude do Espirito? Ou os dons e o Espirito se manifesta na vida de outro ser cristão também. Se a resposta é sim para qualquer das duas primeiras perguntas, arrisco a pensar que você -querido leitor- está longe, bem longe de entender o cerne da coisa. Se for não para qualquer das duas, então porquê renegar da congregação? O que está levando a jovens, adultos e anciãos a renegar do ato de congregar-se?

Bom, entre os elementos justos para deixar de congregar-se além dos já elencados, pode ser o maltrato emocional, a falta de um senso de pertença, a pura ausência de cuidado por conta da correria destes dias e por ai vai. Mas fora isso, o que me parece que está permeando todo esse movimento de abandonar a congregação local, é o simples fato de que temos misturado os conceitos, equiparando instituição religiosa com igreja de Cristo. E isso está bem longe da verdade.

Quando colocamos em pé de igualdade o fato de pertencer a uma determinada denominação com o de pertencer ao corpo de Cristo, apenas declaramos que não entendemos nem uma coisa nem a outra.

Uma pessoa pertence ao corpo de Cristo apenas por crer nele. Essa fé nele se manifesta em obediência regular e gradativa apenas por uma questão de fé: acreditamos que o que Ele espera de nós é bom para nós e o Reino dEle.

Já a vida de relacionamento religioso com uma instituição passa por outros caminhos. De fora parece até a mesma coisa mas não é. A obediência é contra-natura e -se conquistada- há uma tentativa de impor isso aos outros. Não há plasticidade, dinâmica, adaptação, adaptabilidade nem tolerância.

Por usarmos uma figura bíblica, a instituição religiosa está para a conversão, assim como as tendas que Pedro queria montar estava para o fato da transfiguração. Uma outra ilustração que serve, é o da Lei e da Graça. Na instituição há muita Lei e não tem graça. Já na vida cristã há liberdade e responsabilidade.

Quer dizer então que devemos jogar tudo pro alto e abandonar a congregação? Nem de perto.

Entendo que devemos resgatar o conceito simples e profundo do que é a igreja de Cristo e tirar a poeira do projeto original de criar um povo que anda conforme seu coração por graça e não por imposição. Somos salvos não por termos a teologia correta, o culto correto ou a forma de administração corretas mas sim por pertencermos ao povo escolhido. Logo, é com o povo escolhido que quero estar.

Esse povo tem desfrutado da graça; como é que eles vão construir um sistema legalista? Bom, isso é mais comum do que parece. Paulo já enfrentava isso na região da Galácia. A redenção daquele povo era indubitável para o apostolo, mas quando chega a hora, ele deixa claro que tentar voltar à Lei é abandonar a graça. Um não se junta com o outro. Mas toda instituição religiosa quer fazer exatamente isso: substituir a graça com Lei.

Está sem congregar-se? É tempo de revisar seus conceitos. Se tornar uma brasa autónoma é um caminho fácil e bacana de se tornar um carvão apagado. Mancha, fede, mas não esquenta.

Está sem congregar-se? É tempo de se arrepender pois quer dizer que ainda não entendeu o processo de Deus por meio do qual sua individualidade acrescenta e edifica o semelhante ao passo que a própria congregação transforma sua individualidade.

Está sem congregar-se? É tempo de ler de novo as escrituras e clamar por misericórdia. “Deus a quem ama corrige” (Prov.3:12 e Heb.12:6) e nós -seres humanos- somos cheios de nós mesmos e de nossos próprios critérios e a verdade é que não conseguimos enxergar a própria nuca. Ficamos expostos e nem sequer damos a mínima para o que de fato está acontecendo com nós. A falta de correção neste quesito, não indica alguma outra coisa? Pois é, tem que clamar, meu chapa.

É na congregação que a sua alma é modificada. Não por imposição de condutas, maltrato emocional, abandono espiritual, hierarquias humanas, pseudo-cristãos pavões. Todavia, por aceitação, afeto, amor e -sobretudo- serviço ao próximo.

O conselho é antigo e não é meu. Hebreus 10:25 diz claramente “Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia“. Sim, leu certinho, congregar-se e encorajamento andam juntos. Não é um serviço pastoral encorajar as ovelhas a se congregarem. É uma responsabilidade de cada um. Até porque se a igreja é composta de pessoas e você é parte da igreja, está se abandonando a si mesmo?

O dízimo no Antigo Testamento

A palavra dízimo, tanto no original hebraico do AT quanto no original grego do NT significa “décima parte”. A começar pela própria etimologia da palavra, não se pode ignorar seu significado mais amplo.

Na cosmovisão absolutamente pendular de nossa mentalidade contemporânea ocidental, corremos o risco de pender sempre para extremos ao analisar circunstâncias que estão sendo exploradas em outro extremo.

Pertinente à primeira Aliança, da qual os gentios não fizeram parte, o dízimo fazia parte do pacto entre Deus e o povo de Israel. Cada judeu era obrigado pela lei levítica a pagar três dízimos de sua propriedade (1) um dízimo para os levitas; (2) um para o uso do templo e as grandes festas; e (3) um para os pobres da terra.

É óbvio que a finalidade única dos dízimos não era o churrasco coletivo, pois se assim o fosse, todos os serviços do tabernáculo, bem como do templo deveriam ser realizados por escravos, o que não era certamente o caso.

Somos alvos de tentações cada vez mais lúgubres. Se por um lado tentados a dar vazão à volúpia pelo enriquecimento quando submetidos a discursos de manipuladores da boa fé do povo; por outro as mesmas tentações se nutrem de nossa idolatria “maamônica”, nos levando a concluir que o contribuir financeiramente em uma igreja é coisa pra tolos manipulados, ou no mínimo ingênuos. Pra quem ama o dinheiro as duas são perfeitamente cabíveis. Tais idólatras são bem servidos pelas duas propostas. “Dê e terás mais” ou “Não dê, todos querem seu dinheiro”. As duas vertentes do mesmo rio levam incautos a buscarem cada vez mais para si mesmos e para os seus, ao mesmo tempo em que: ou excitam suas consciências a contribuírem avidamente sob a chama da ganância, ou as desobrigam de contribuir, sob o manto da lucidez intelectual.

Cientes de que o dízimo era um postulado da Antiga Aliança, sabemos que a Nova Aliança também requer contribuições que não visem a auto-satisfação de quem contribui. Contribuir primariamente para gastar consigo mesmo e com os seus, é, no mínimo falta de percepção do que a própria noção de contribuição significa.

Há dois tipos de ignorância endêmica no povo evangélico: aquela que encabresta levando o manipulado a enxergar Deus como se fosse um banco, e aquela que carrega de obscurantismo uma mente que se disfarça em lucidez, mas que na realidade esconde seus verdadeiros motivos funestos.

Ainda acredito, porém não sem dificuldade, que uma geração que ignore a própria significância dos termos mais simples, possa um dia entender questões que ultrapassem a superficialidade.

Everson Spolaor

Pseudo milagres que levam a pseudo conversões

O milagre que leva à conversão é o da intervenção divina objetiva na história do ser humano. O milagre que leva à conversão é aquele que revela o Cristo.
O centurião viu (no meio das trevas) que Jesus era verdadeiramente justo. Lc.23:44-49

Nestes tempos de absoluto relativismo em que vivemos, parece ser que passamos a chamar de milagre qualquer coisa que assemelhe intervenção do divino no humano ao passo que chamamos de conversão qualquer coisa que se pareça com mudança de conduta sem a necessária mudança de mente.

A existência ou não de Deus não pode ser provada. 

Esse “não pode” é em dois sentidos. “Não pode” porque cientificamente é impossível e “não pode” porque se provada fosse, a fé seria inútil. Tornar-se-ia uma tolice pensar diferente, já que seria como negar a existência do sol: ou seja, ninguém poderia dizer que Deus não existe e viver de costas para Ele.

Dito em outras palavras, a liberdade humana (tão essencial para o amor – pois sem liberdade não há escolha e o amor não é um sentimento e sim uma decisão) ficaria cerceada e seria – de fato – impossível amar Deus assim como não podemos amar o Sol e outras coisas cuja existência é um fato objetivo aos olhos de todo ser humano.

Muitos acham que Deus faz milagres para provar sua existência.

Há os que oram pedindo que Deus se manifeste de uma forma sobrenatural para um parente ou amigo. Pensam que dessa forma – com a existência de Deus impossível de ser negada – o ser amado se renderia definitivamente a Deus e passaria a ser um discípulo de Jesus.

Há também os que oram para que Deus se lhes manifeste de alguma forma sobrenatural e a partir dai – com a existência de Deus provada no foro mais subjetivo e íntimo – se comprometeriam a servi-lo, seguindo Jesus.

Há aqueles que contam historias que exigem ser interpretadas como sendo manifestações sobrenaturais, quando na realidade para o observador alheio ao fato (o que o torna mais objetivo) ou melhor conhecedor de alguns assuntos pelo treinamento científico, não passa de um fato inverossímil ou inócuo e a interpretação do mesmo como uma manifestação sobrenatural se lhe torna impossível e o que conta a historia se torna digno de chacota.

Em qualquer caso, a premissa é errada. Se Deus é “provável” então não há espaço para o amor e seria um caso de mera imbecilidade não lhe servir.

Se pensa comumente que a conversão é uma mudança de conduta.

Em certo sentido isso é verdade. Ou seja, quem anda com Jesus, mais tarde ou mais cedo muda sua conduta. O problema é que a mudança de conduta por via do esforço pessoal pode ser obtida por outros meios que não os da rendição intima ao Cristo. Essas mudanças não são necessariamente ruins para a vida social e nem para a pessoa. Veja por exemplo a enorme contribuição que clinicas de recuperação ou os alcoólicos anônimos prestam à sociedade e ao individuo em particular.

No mesmo patamar se encontram uma miríada de igrejas (grandes e pequenas) que incentivando a interpretação parcial da escritura levam cada um dos seus integrantes a esperar pelo sobrenatural e como o sobrenatural não chega o sobrenatural é substituído pela imitação e esta imitação prova ser imitação ao ser sempre o pseudo sobrenatural similar em todos seus aspectos à experiência do outro integrante do grupo com o qual ele é aceito pelo restante do grupo e visto como mais um ser especial. Do ponto de vista social, isso não é ruim de todo. Há várias pessoas que foram tiradas de vidas devastadas por esse tipo de ritual, só que – por não ser real objetivamente falando – não é muito distinto daquele praticado pelo vudu ou arcaicas e longínquas tribos indígenas ou  a macumbaria trazida da áfrica.

É por essas e outras que falo que pseudo milagres levam a pseudo conversões. O meu problema não é com a multidão enganada (se bem que muitos gostam deste engano) mas sim com os enganadores. Esta corja crescente de vazios espirituais que se dizem pastores, apóstolos, bispos e quanto outro nome possa ser usado ou inventado para serem tidos pela plebe cada vez mais negligenciada como intermediários entre o divino e o humano.

Conversão é mudança de mente.

Claro, sempre haverá aquele que diga que metanoia (do grego meta – além e noia – compreensão, razão, entendimento) é estar além do entendimento. Certo. Mas quando vemos essa palavra sendo usada, sempre vemos que ela quer dizer simplesmente pensar diferente. Já me tomarei o tempo um outro dia para discorrer sobre esse pensar diferente. Baste por enquanto só dizer que sem mudança de mente, não há conversão.

Então o que que há quando miles se não milhões de pessoas se reúnem semana após semana e contam de milagres acontecendo no meio deles? Não são milagres? Não são pessoas sinceras? Não são conversões?

Bem, para o bem da própria verdade, a maior parte do tempo não são milagres de fato e sim um autossugestionamento coletivo que se explica facilmente por nossa necessidade intrínseca de sermos aceitos por um grupo ao mesmo tempo que não somos como “os daquele outro grupo”.

Sobre a sinceridade, bem, sim, acredito que muitos sejam sinceros. Porém receio que os mais velhos há tempo detectaram que estão vivendo uma mentira e os que não detectaram, estão alienados quase com certeza, pois é impossível alguém viver tanto tempo respirando ar enrarecido e não almejar pela verdade. Penso que são (ou foram) sinceros no desejo de procurar pelo divino mas esta sinceridade não é requisito suficiente para rejeitar o erro e se lançar ao abismo da fé. É por isso que tão facilmente se tornam presa destes carniceiros oportunistas instruídos pelo próprio ventre.

Finalmente, sobre serem conversões, não, não são conversões. Em ledo engano se encontra quem acha que por haverem melhorias pessoais e sociais trata-se de conversões. São apenas ajustes necessários para conseguir a aceitação pelo grupo, nem mais nem menos, pois pseudo milagres levam a pseudo conversões.

Pseudo Milagres que levam a Pseudo Conversões by Dortta on Mixcloud

O evangelho em sua caraterística bidimensional

Igreja Evangélica Reviver.
Agosto 24, 2014
Pr.Everson Spolaor

Marcos 1:8
Eu os batizo com água, mas ele os batizará com o Espirito Santo

Introdução: Somos desafiados pelo evangelho ao ter duas dimensões. Quando se fala do evangelho, se gala de Jesus, da mensagem Cristã para nossa vida. Não apenas de uma mensagem que nos dá princípios a seguir. O evangelho não é apenas uma mensagem que traz conselhos para bom comportamento. Não é o evangelho que traz nomas e regras para conduzir a gente para chegar ao céu. Ele é muito mais do que isso. E uma mensagem transformadora. Ela é assim porque sai de Deus; ou seja, a palavra de Deus que vem com esse propósito de transformar. Por isso aulo diz que e o poder de Deus para transformar o homem. Essa mensagem de transformadora abrange duas dimensões que se distinguem completamente mas que – ao mesmo tempo – se entrelaçam. Estas dimensões são a natural e a sobrenatural. A nossa maior tentação é a de buscar uma mensagem que seja monodimensional o que nos leva a uma polarização.

É preciso transitar entre o natural e o sobrenatural.

João batista – parente de Jesus – em uma única fala nos traz uma mensagem nada superficial. Falando ao respeito de Jesus é que ele fala que virá um outro que batizará com o Espirito Santo diferentemente dele que batizava com água. Quando Jesus chega, ele não anula essa fórmula. Na sua partida ele deixa exatamente essa ordem “ide por todo mundo .. batizando-os em nome do Pai do Filho e do Espirito Santo…” então a prática instituída por João, não é descartada pelo próprio Jesus.

Quero ficar esta noite só nesta ideia: É preciso transitar entre o natural e o sobrenatural.

É claro nesse processo do evangelho, ou da mensagem de Jesus, que existe o natural: Eu vos batizo com água – está falando de coisas naturais, de coisas comuns – não adianta esperar um anjo nos dizer que temos de ser batizados na água, é um processo da naturalidade cristã assim como a oração, leitura da palavra, são coisas que se esperam naturalmente de um cristão. Esse lado natural se expande para todos os processos naturais da vida e não só os que atingem a coisa espiritual. O culto a Deus se expressa também nessa forma natural da vida. É o natural que faz parte do culto e o culto que faz parte do natural no dia a dia. Cultuo a Deus com a minha vida, com a minha intencionalidade, com amor ao próximo, com a direção do carro.

Mas não podemos parar nessa dimensão, porque existe algo que vai além, que transcende essa realidade natural. È preciso transitar também por esse espaço da sobrenaturalidade. Ao João dizer ele os batizará com o Espirito Santo, ai entrou na sobrenaturalidade. Se bem há um batismo com água no qual devemos participar, não é a única dimensionalidade em que o cristão deve participar. Não precisa só ser batizado com água, precisa ser batizado com o Espirito Santo. E isso não está necessariamente com o dom de línguas. Batismo é imersão. É necessário que Jesus os submergirá no Espirito Santo, diz João o Batista. Nem João, nem eu, nem nenhum pastor vai submergir você no Espirito Santo, só Jesus. Para alguns isso se manifestará sim com o dom de línguas, mas para outros com outros dons. Aqueles mesmos que foram batizados por água por João, seriam batizados no Espirito Santo por Jesus. Como se dá isso? Das mais variadas formas; seja numa capacitação sobrenatural para realizar a obra de Deus no dia a dia; pode ser num consolo que realmente acalma o coração; pode ser com alguns dos dons sobrenatural que o Espirito vai dar para você como por exemplo as listas de dons que há na Bíblia; tem pastor que é pastor porque uma igreja o colocou como tal, mas tem aqueles a quem Deus chamou e capacitou; pode ser recebendo alegria pelo Espirito Santo; mas seja lá o que for, ele tem que mudar minha conciencia, mudar minha alma.

A vida cristã não pode ser unidimensional, tem que ser – obrigatoriamente – bidimensional. Há coisas na vida cristã que precisam ser realizadas pela gente, mas sem a intervenção do Espirito Santo não há conversão. Água e Espirito, duas dimensões que precisam agir juntas.

É por isso que às vezes vemos pessoas que ficam anos ao fio nos bancos da igreja e quando você vai conversar com eles não há neles vida espiritual. Sabem hinos de memória, passagens da bíblia, ritos, mas não há neles a segunda dimensão; a dimensão espiritual.

Eu já conclui que muita gente vai morrer nos bancos de uma igreja e não vai se converter. Repare que não estou julgando, só estou conjecturando que não há essa conjuntura entre o natural e o sobrenatural em muitos frequentadores de igreja. Isto aqui é um apelo, para lhe dizer que não há só o batismo na água, há também a sobrenaturalidade do batismo no Espirito Santo. Se isso não aconteceu, preciso cair de joelhos e clamar a Deus para que a sobrenaturalidade dele invada a minha naturalidade. Com isso, aquilo natural não vai deixar de ser natural, mas vai ganhar um novo e mais amplo significado.

A minha responsabilidade com o natural, continua minha. O ler a palavra, o participar dos cultos, o cuidar da família, trabalhar, ajudar aos outro, continua sendo nossa responsabilidade. Mas precisamos transcender o natural para sermos permeados pelo sobrenatural. A vida cristã é bidimensional. Nossas obrigações vão continuar existindo. E a gente vai continuar a colocar elas em prática, mas eu não posso fugir de ser imerso na sobrenaturalidade da vida.

Santidade: Uma Pratica de Vida

A santidade não é simplesmente uma ideia filosófica, é uma prática de vida. Ela é uma mudança tão radical na maneira de viver do homem, que Cristo é magnificado. Significa viver de forma tão parecida com Cristo que as pessoas podem até ser confundidas com Ele. Se a santidade que você está vivendo não mudar as coisas mais práticas e simples do seu dia a dia, você enganará a si mesmo com superficialidades.

Uma das práticas da santidade é a humildade. Para querer aprender e buscar o conhecimento, nós precisamos ter sede de aprender a Palavra.

A submissão também é uma das práticas da santidade. Um cristão que vive santidade é aquele que aprende e pratica a submissão.

Se realmente você entende santidade como uma vida fora dos padrões do mundo terá, então, que dar atenção à questão da submissão. Alguns rotulam santidade como somente se abster da prostituição e da idolatria e por isso, mesmo não se prostituindo nem praticando a idolatria, continuam sendo pedra de tropeço para a conversão de seus familiares e desagradando a Deus.

Mas o que é submissão? De acordo com o dicionário bíblico, submissão é um termo militar grego que significa “organizar [divisões de tropa] numa forma militar sob o comando de um líder”. Em uso não militar, era “uma atitude voluntária de ceder, cooperar, assumir responsabilidade, e levar uma carga”. Em palavras simples, submissão é obediência. Todo aquele que nasce de novo deve aprender o “abecedário” do cristão, que é a obediência.

Em primeiro lugar devemos obediência a Deus, nosso Pai e Senhor. Não existe vida cristã sem obediência a Deus, isso é tão óbvio quanto a cor do cavalo branco de Napoleão. Em Atos 5.29, Pedro declara: É mais importante obedecer a Deus do que aos homens. Mas você não pode se esquecer que a obediência a Deus está intimamente ligada à obediência aos seus pais e líderes. O apóstolo Pedro fala sobre essa relação entre a obediência a Deus e aos pais e líderes em sua primeira epístola, veja este versículo: “Sujeitai-vos a toda autoridade humana por amor do Senhor” (1 Pedro 2.13a)

Encorajo você a ler toda a epístola depois. Se a submissão aos líderes é uma ordem de Deus, eu só obedecerei a Deus se eu estiver me submetendo aos meus líderes. Seus primeiros líderes são seus pais. Depois de Deus eles são seus principais líderes e a eles você deve obediência. A única exceção que existe para não obedecer aos seus pais e líderes é se eles o mandarem pecar, pois desse jeito você violará a obediência a Deus, fora isso, obedeça sempre.

Por que ser submisso? Essa é a vontade de Deus e ela é sempre boa, perfeita e agradável. Fazendo o bem, sendo obedientes as autoridades, você cala as pessoas que depõem contra os cristãos. O nome de Deus muitas vezes é blasfemado por causa de pessoas que se dizem cristãs, mas estão sempre envolvidas em rebelião e outras condutas contrárias à Palavra. Alguns ainda não experimentaram a conversão de seus familiares, pois, mesmo sendo assíduos à reunião da comunidade, não são obedientes dentro de casa e dessa forma, fazem com que seus familiares blasfemem contra o nome de Deus.

A liberdade que temos é para o serviço de Deus e não para quebrar regras. Um dos exemplos que temos de liberdade mal entendida e mal expressada é o movimento hippie. Eles pregavam uma liberdade destrutiva, que era mais uma desculpa para a insubmissão do que a verdadeira liberdade.

Comece a mudança hoje mesmo em sua casa, com atitudes simples como praticar a honra. Honrar é reconhecer a dignidade e posição que seus pais têm sobre a sua vida. Valorize os seus pais, não somente com palavras, mas com atitudes. Pare de depreciar e menosprezar sua família para outras pessoas. Já ouvi muitos jovens falando mal de sua família e de seus pais, e isso é um comportamento que desagrada a Deus. Nenhuma família é perfeita, mas toda família tem valor.

Você verá a luz de Deus entrar na sua casa quando você começar a praticar a submissão. A atitude bíblica de submissão trará credibilidade para sua vida e sua mensagem. Enquanto na sua casa as pessoas não virem mudança nas suas atitudes, suas palavras serão vazias de credibilidade e unção.
Guarde em seu coração: A santidade verdadeira o levará a ser um exemplo até mesmo daqueles que já deram mau exemplo!