Há um senso comum sobre aquilo que é belo e há claramente uma consciência universal sobre aquilo que é verdade. Jamais ouvi de alguém olhar para um pôr do sol e achá-lo “feio”; tampouco ouvi sobre nenhuma civilização humana onde a vida não fosse um valor a ser preservado! O belo é belo mesmo que ele se manifeste através de alguém que tente se profissionalizar na produção da feiura. A verdade é verdade mesmo quando é dita na boca de alguém que mentiu antes e mentiu depois! O belo está em toda parte: na música, nas cores, na arte, nos contornos, nas variedades, nas culturas, nas preferências, na natureza. O melhor telescópio consegue captar o belo para além do planeta terra; o melhor microscópio o faz nos “nano-seres” e nossos olhos comuns não ficam isentos e alheios à toda beleza existente na existência. A verdade, aquela que está intacta, aquela libertadora, aquela que é e será para sempre também está espalhada por toda parte. Há quem deseja limitá-la, há os que acham que a detém, há os que cobram direitos autorais por ela, mas no final das contas a verdade é, ela é viva, ela transforma, ela conduz pessoas que nem se dão conta de sua vitalidade. A verdade está em toda parte, detecte-a e se permita inundar por ela. O belo e a verdade se fazem presentes; há quem prefira o feio e a mentira; mas alguém que prova do belo e da verdade encherga o suficiente para dizer: “Ah! Quão maravilhosa existência! Hoje eu sei o que é viver”!
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A insuportável leveza dos pseudo-líderes cristãos
Em tempos de sequidão espiritual, surgem os pseudo-líderes no meio cristão que sem nenhum peso de glória divina eludem os mais indoutos induzindo-os a amar o dinheiro sobre qualquer outra coisa.
Me choca a facilidade com que alguns autodenominados bispos e outras ervas, promovem ideias espúrias ao evangelho e são louvados por isso. Me espanta como a iniquidade aumenta da mão de quem -supostamente- deveria estar ali para impedir tal coisa.
Veja por exemplo a inauguração de uma replica aumentada do templo de Salomão. Deslavadamente o construtor do templo acaba sendo o sacerdote que intermédia a vida espiritual do que assiste ao ritual com a divindade. E esta intermediação acontece por vias puramente materiais em que o fiel investe uma certa quantia que lhe produzirá um retorno que a maior parte das vezes é meramente financeira.
O povo, por sua vez, gosta de ser eludido desta forma pois o ouvido dele tem uma tendencia natural a ouvir pregações do tipo ‘toma-lá-dá-cá’. Neste povo existe a real necessidade de se sentir seguro seguindo certos ritos, por mais que esse rito nada mais seja do que uma pretensão de barganha material com um ser espiritual inatingível por este meio.
Então para mim, tanto os líderes quanto os liderados são culpados de construir essas coisas. Como diz Stagg: o homem é responsável de se tornar irresponsável.
Desde quando Deus está interessado com algum bem material? Desde quando Deus precisa de moedas para agilizar o trâmite espiritual? Claro, alguém me vai dizer que a pessoa precisa se desprender dos bens materiais para atingir benesses espirituais porque é este amor ao dinheiro o que acaba lhe afastando da riqueza espiritual. Tá, isso é certo, então porque o líder não lhe diz para vender tudo e dar aos pobres? Se ele é tão espiritual assim, porque ele não propõe a mesma solução que Cristo promoveu? Por que ele se coloca como pedágio entre os homens e Deus?
Quando um líder se coloca na postura de intermediário ele desafia a ação do próprio Jesus que -ao morrer na cruz- eliminou a parede de divisão não só entre judeus e não judeus mas também entre Deus e os homens.
Quando um líder incentiva o seu povo a construir um templo (mega, macro, micro) no qual o ritual de sacrifico pretende ser re-institucionalizado por meio do qual o homem-de-a-pé conseguiria de alguma forma se achegar à divindade, ele desafia o próprio Salomão que na oração inaugural do templo original falou “podem por acaso estas paredes te conter?”
Finalmente, quando o povo se deixa eludir desta forma, ele se torna responsável pelo seu próprio sangue construindo para si mesmo poços secos dos quais é impossível extrair qualquer tipo de água espiritual. O povo decididamente vá atrás destas coisas não como ovelhinhas enganadas mas pelo insuportável que pode ser a liberdade de relacionamento com o Cristo. Não se engane o leitor pensando que o povo está sendo eludido e enganado sem a intervenção da consciência particular. Não! O povo vai porque o povo gosta. Ele sente falta de rituais que consiga entender e -em certo sentido- controlar. Só há possibilidade de um ditador surgir quando o povo bate palmas para o mesmo. Então, são dois abismos se encontrando. Dois buracos negros chamando um ao outro. Uma destruição convocando uma outra destruição maior.
Não se iluda então o leitor, pois se há leveza no líder é porque há leveza no povo e esse esquema se torna insuportável e com isso a terra perde a bênção que viria de uma liderança sábia. Ou, como diz o proverbio “Os pecados de uma nação fazem mudar sempre os seus governantes, mas a ordem se mantém com um líder sábio e sensato” e também “Ainda que você moa o insensato como trigo no pilão, a insensatez não se afastará dele”
O evangelho não tem a ver com rituais na presença de um líder autonomeado. Se de alguma forma, o leitor está querendo se conectar com a divindade, com o Criador, com o Jeová do antigo testamento o caminho não é o do auto-sacrifício e sim da rendição. Sua alma está em guerra, em luta contra o Criador. Renda-se. Jesus já é o sacrifício perfeito. Você é aceito, amado, aprovado no Cristo e não no seu esforço pessoal e não no ato de ir no culto ou dizimar ou qualquer coisa assim.
O melhor que você pode você desejar para sua cidade é uma mega igreja?
Confessemos; quem não sonhou com una igreja enorme que fosse uma referência na cidade? Já pensou? Você poderia dizer para os outros “Sou da igreja tal. 25, 30% da cidade está lá”.
Imaginou a capacidade de penetração social? Os projetos de grande abrangência que poderiam ser realizados? Conseguiu ver o prefeito da cidade na comunidade? E os dois ou três vereadores da oposição? Seria de inspirar respeito.
Bem sabemos que não dá para analisar todas as razões que nos levam a pensarmos dessa forma mas podemos enumerar algumas que me parecem ser bastante universais.
1) Não gostamos de perder. Somos competitivos por natureza. Queremos ganhar. O primeiro que me diga que concorre em qualquer coisa para chegar em segundo ou terceiro lugar já vou avisando que mente. Concorremos para ganhar: sermos os melhores, os maiores, os mais rápidos, os mais econômicos, os mais inteligentes, os mais bonitos, enfim… AI mais tarde ou mais cedo queremos – não já individualmente mas institucionalmente – sermos os maiores o que por sua vez igualamos com melhores. É isso do que trata o capítulo 18 de Mateus que não por acaso versa sobre a definição de papeis no reino.
2) Amamos o poder. A grande maioria de nós gosta de subjugar o outro seja por força, por ideias, por detração. Gostamos da democracia não porque seja boa para os outros e sim porque ela é boa para mim. Mascaramos esse desejo dizendo para os outros que uma igreja de maior tamanho tem maior capacidade de penetração social e que dessa forma os conceitos do evangelho podem chegar a uma maior quantidade de pessoas. Para mim isso tem outro nome: covardia. Na história inteira um único objeto desestabilizador é muito mais potente que uma grande massa de seres homogeneizados. Pense em como os ditadores (de esquerda e de direita) trataram e tratam com os indivíduos pensantes. Quer penetração social? Deixe que o Cristo mude sua vida por inteiro. A proposta é fazer discípulos (Mt.28:16-20) não montículos de pessoas que não mais pensam por si.
3) Pensamos só nas coisas da terra. O principio do Reino é a necessidade da morte. Ou seja, não há vida sem morte (João 12:24). O mundo no que vivemos está corrompido pelo pecado. Não me refiro aos pecados pontoais que cada um de nós pode cometer ao longo da vida. Me refiro ao pecado como poder soberano sistêmico que controla a forma em que o mundo anda. Não só como os seres humanos andam, mas a criação como um todo. Essa ideia São João a resume na frase “O mundo jaz no maligno” (1João 5). Quando pegamos ideias que funcionam bem neste mundo e as injetamos na construção da igreja local, só estendemos artificialmente o poder sistêmico do pecado para onde achamos que não deveria existir: a Igreja; e acabamos chamando de igreja uma coisa que dista muito da assembleia de seres pensantes que Deus quer construir.
4) Exaltamos a esquizofrenia espiritual. Por um lado dizemos que a manifestação do Reino de Deus é a Igreja em geral e a igreja local em particular. Por outro lado, lhe aplicamos leis que funcionam perfeitamente bem no mundo e esperamos que crie coisas novas. Imagine que houvesse vida em outro planeta e que não fosse baseada no carbono como a nossa. Com certeza a vida seria muito diferente e – principalmente – todos seus conceitos sobre biologia (o estudo da vida) deveriam de mudar, na realidade, deveriam ser reinventados. Assim é com o Reino. Ele trata da vida que havia no projeto original antes da queda e a que está sendo restaurada até a concretização daquilo que chamamos céu (algum outro dia falo sobre isso). Ao não nos desvencilharmos dos conceitos “naturais” sobre-dimensionados e sonharmos com um Reino dos Céus como se fosse apenas um destino vivemos uma divisão maluca que a lugar nenhum nos leva a não ser à auto-exaltação de fazermos parte da mega igreja tal ou qual.
Então o que fazer? E eu sei?! Se eu soubesse, se eu tivesse uma receita de bolo para lhe instruir a fazer isto ou aquilo o próprio artigo estaria fadado ao fracasso. Eu só sei que um dia me apresentarei perante o Senhor. Sei também que ele está querendo construir – a partir das minhas palavras e ações – uma nova realidade que funciona pela fé até a manifestação dele. Esse dia terei de prestar contas não só de como realizei meu “ministério” (como se de uma coisa separada do resto fosse) mas sim das minhas motivações mais escondidas, das minhas ações e palavras que construíram e destruíram o Reino na vida do meu próximo.
Não quero saber se você é católico ou pentecostal. Só quero saber de que lado da cruz você está.
Nosso canto é sempre melhor que o canto alheio.
De uma olhada na próxima escola bíblica, encontro de oração, eucaristia, comunhão, enfim, no que quiser. Repare como nos esforçamos em estabelecer a grande diferença entre “nós” e “eles”. “Eles” sempre estão errados e “nós” sempre estamos certos. Como muito, os que dentre “Eles” estão certos é quase com certeza porque tem algum tipo de contato com “nós” ou de alguma forma os influenciamos.
Em linhas gerais, vale mais o rótulo, a tradição, as escrituras e o rito do que a cruz de Cristo.
Lembro sempre do sr. Emidio. Conheci ele há uns 20 anos quase. Católico praticante, leitor ávido das cartas paulinas, em especial Romanos e Gálatas. Lembro até hoje de vários encontros onde a única coisa que eu podia fazer era consentir com a luz quele recebera. Apegando-se à escritura, entendia que era seu lugar naquela comunidade. Ele entendia com o coração aberto que o único salvador era o que Bíblia propunha. Aliás, a sua própria Bíblia, uma tradução de “Jerusalém” surradinha, com deuterocanônicos e tudo.
A escritura, fonte inegável de autoridade para grande parte da cristandade, deveria ser a única a nortear o básico: Só Cristo é o caminho para o Pai. O resto é invenção humana. Os inúmeros pedágios, vias rápidas, atalhos, pontes que criamos, são só toscas emulações do verdadeiro caminho que é Jesus.
Agora pergunto eu, se Cristo em sua maravilhosa soberania, quis se revelar a um Católico, um Pentecostal, um Ortodoxo, um Batista, um Anglicano ou um Presbiteriano, quem sou eu para impedi-lo? Como? Com que argumentos o convenceríamos a ficar no nosso curral? Qual seria a maravilhosa sequencia de palavras que emanariam de nossa boca para limitar o Senhor e sua salvação? Então, porque fazer isso com as ovelhas dele?
Temos que acabar de empurrar para o abismo a separação no mundo cristão que tanto se parece à que havia entre gentios e judeus no primeiro século.
Ou você está sob a salvação obtida por Cristo na cruz, ou está perdido. E isso não tem nada a ver com a etiqueta que penduraram na sua cachola.
“Eu declaro” e outros fórmulismos neo-evangelicos
Aqueles que o podem fazer acreditar em absurdos, podem fazê-lo cometer atrocidades. Voltaire
Lembro do tempo em que ser cristão era sinônimo de problemas. Não que tenha saudades disso, não. Só que naquelas épocas quem abraçava Jesus, sabia que corria o risco – ao menos – de ser taxado de besta. E houveram tempos ( que não os vivi e que não gostaria que se repetissem ) em que se declarar seguidor de Jesus era sinônimo da fogueira.
No Brasil temos passado nos últimos vinte anos de uma mera complacência com o povo evangélico a um namorico de segunda categoria entre as partes. Nessa bajulação sem graça de ambas as partes, vale tudo, principalmente mimetizar-se com o mundo (do lado dos pregadores) e mimetizar-se com os cristãos (do lado dos que vão se achegando)
Já falarei em outro momento sobre a falta da consciência do pecado, a realidade do inferno (tanto presente quanto escatológico) e o completo quilombo caboclo em que a igreja evangélica tem se transformado. Mas por enquanto, vamos aos líderes que – muitas vezes eles mesmos enganados – enganam e eludem o povo.
Tive a oportunidade de estar em um culto esses tempos atrás onde o ápice do encontro era o momento em que o pastor da comunidade pronunciava frases que começavam ou continham a fórmula “Eu declaro..” Enquanto ele ia declarando a multidão ia ao delírio. Era uma sensação de certeza que ia ganhando o povo. Convicção plena de que agora sim, as coisas iam se encaixar. Alguns até com lagrimas nos olhos se abraçavam enquanto o pastor, suando e muito exaltado ia fazendo suas declarações. Conheço essa comunidade há mais de vinte anos e me resultou muito estranho o fato de eles terem aceitado esse tipo de prática, já que a comunidade era bem conhecida pelo seu apego às escrituras e um culto mais pensado. Alguns me explicaram que essa igreja tinha crescido de alguma coisa como oitenta membros para quase trezentos nos últimos anos e que se viram na necessidade de ter mais de um serviço público por domingo. Também me explicaram como as entradas da igreja tinham aumentado e com isso não havia mais problemas nessa área. Enfim, o céu na terra.
Gosto de igrejas que crescem, mas estou plenamente convicto de que da mesma forma em que o corpo de um ser vivo cresce até seu próprio limite, depois amadurece, se reproduz, cuida das suas crias e morre; assim é com as igrejas locais. Ou seja, não me entusiasma nem um pouco uma igreja que parece que seu único objetivo na vida, é crescer, crescer e crescer. Para mim é sintoma de um mal maior, já que o maior evangelista que pisou esta terra, teve uma igreja de 12 membros, com um corpo de trabalho mais achegado a ele de 3 (25%) e um deles (8,3%) mandou matar o pastor. Digo, o foco de Jesus não foi um grupo multitudinário de pessoas que afetasse a sociedade ou que tivesse templos enormes com mega-orçamentos. O projeto dele era a mudança do coração da pessoa, logo, não há reino terreno, a não ser aquele que se manifesta no íntimo do indivíduo. Para fazer isso, um crente só precisa de duas coisas: conhecer o Senhor e manter relações pessoais. Sei que estou simplificando as coisas, mas não é disso que se trata?
Então, mesmo não sendo o objetivo criarmos estruturas locais, gosto de igrejas locais que não tem dívidas e mantêm um orçamento sadio com o qual a igreja local vá sendo equipada também nessa área. Todavia, me parece ser esta uma razão muito barata para aceitar qualquer tipo de teologia. Principalmente no púlpito. Na igreja que visitei, sei que anos ao fio enfrentando problemas financeiros (mesmo que suaves perante algumas outras similares) somado à pressão social por ser uma igreja “saudável” a levaram a abandonar seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas.
Por já ter visto esse mesmo processo em igrejas similares, sei que o dano feito não tem mais como ser reparado. Sim, sim, creio no poder de Deus, mas contra o abandono da fé não há solução (Rom 11:17-24; Heb 6:4; Heb 12:17) a não ser a tênue possibilidade de voltar a crer. Ou seja, é mais ou menos como uma infecção com uma super bactéria e o paciente já ter recebido vancomicina por mais de 10 dias, ele está por conta.
Para quem está lendo este artigo e está sendo formado em teologia, ou almeja bispado, quero lhe dizer um par de coisas: 1) Se você começar a declarar, interceder, profetizar, ungir com óleo, água, ou qualquer outro líquido, levar o povo para o monte para orar, promover um jejum ou dieta especial, fazer jejum substitutivo ou qualquer outros dos formulismos que estão em voga sua igreja – quase com certeza – vai crescer em número. 2) Qualquer fórmula aceita, por menor que seja, levará o novel pastor a procurar mais algumas pois o povo vai precisar delas para manter o êxtase.
Ou seja, não estou discutindo a eficiência das fórmulas empregadas para arranjar mais pessoas para um evento religioso, nisso temos muito a aprender das muitas religiões que há no mundo. Exemplos é o que não falta, desde os velhos xamanes indo-americanos, passando pelo tradicional exemplo da Igreja Romana, o novo exemplo da IURD, e chegando às religiões orientais. Se o que interessa é trazer um numero grande de pessoas (talvez até com o nobel propósito final de lhes “ensinar a verdade“) há uma fórmula bem conhecida que pode funcionar anos ao fio: 1) Estabeleça qualquer ritual simples mas que requeira de uma pessoa oficializada como ministro, intercessor, sacerdote, o que for. 2) Faça generalizações durante a homilia colocando exemplos práticos de como as coisas se deram para você, um membro da sua família, um amigo, algum conhecido,enfim, qualquer um que seguiu (ou não) os passos da receita e como se deram bem (ou mal). 3) Leve a multidão a um estado de animação emocional (não precisa que cheguem às lágrimas) elevando o tom e o volume. Se possível utilize música de fundo. 4) Faça o ritual final e mais importante (seja lá o que tenha escolhido) mas o importante é que as pessoas – de alguma forma – se movimentem. Por exemplo, que passem à frente, que levantem as mãos, que abracem o seu vizinho, que se ajoelhem, não interessa o que, mas que o façam em conjunto. Repita sempre a mesma coisa ou alterne entre vários métodos mas com estrutura similar. 5) Enfatize o conceito de matilha. Reforce a importância do “nós” perante “eles” e se há similares, estão distantes. 6) Finalmente, mas não menos importante, se as coisas não deram certo para a pessoa que participou do ritual considere as seguintes três opções: a) A culpa é a amiga do ritual: Se não deu certo, o fiel não teve fé (ou está escondendo coisas, ou não fez do jeito certo, tanto faz) b) Dependendo do caso, dá para repetir o ritual e ver se dá certo (ou para que serve a missa do sétimo dia ou o batismo pelos mortos) c) Se mesmo assim, o fiel quiser cair fora, não se preocupe, para cada um que sai nesse sistema, de três a cinco chegam.
Estou sendo irônico? Depende. Você leva a fé a serio? Então estou sendo irônico. Você está estudando teologia por convicção ou porque não serve para mais nada? Então estou sendo sarcástico. Você já perdeu todo senso de divindade e para você uma igreja local não passa do seu meio de vida? Acrescente ao plano anterior uma comissão de 5% sobre o incremento da receita ao seu contrato e você ficará rico. E sim, estou sendo não só irônico e sarcástico, mas estou lhe chamando de besta por mexer com o sagrado como se fosse um negócio.
Então como fazer para a igreja crescer? Não se faz, ora pois. O lance é mais simples de tudo o que você tenha imaginado até agora: A igreja é uma comunidade de separados por Deus para mostrar (agora e no futuro) sua super abundante graça. Ela não depende de templos ou de quaisquer estrutura organizacional. O que temos para mostrar, se mostra na intimidade dos relacionamentos que estabelecemos tanto com aqueles de longa data como com os ocasionais. A igreja se manifesta só quando o caráter do cristão fica exposto. Ou seja, cantar lindos cânticos em um templo caro ou não para depois ouvirmos uma pregação (por melhor e mais sincera, honesta, pura, bíblica e boa seja) não manifesta necessariamente a igreja. Deixa ver se consigo ser mais claro: Por mais bíblica, exegeticamente correta, pensada que a mensagem seja e mais ordeiro seja o culto, não há necessariamente nisso a manifestação da igreja de Cristo. A igreja se manifesta quando estendemos (ou não) uma mão ao que precisa, quando passamos um tempo (ou nos negamos a faze-lo) com nossa família ou nossos amigos, ou quando somos fechados no trânsito, ou quando estamos sozinhos no nosso quarto sem que ninguém mais nos veja. Dito em outras palavras, o que se espera da igreja é um caráter diferente, o que chamamos de um novo homem tudo o que te leva para fora desta analise particular das tuas nuances internas, não passa de balela e – pior que tudo – perca de tempo. Uma comunidade que não busca crescer no âmbito intimo, pessoal de cada um dos seus membros ainda não compreendeu do que se trata e uma comunidade que troca a singeleza desta busca pela vaidade de ter uma igreja numericamente maior ou um templo maior ou mais caro, tem perdido seu foco, e não sei se há muita esperança para esse grupo pois como disse Voltaire na frase citada no inicio, esse grupo está sendo levado a cometer atrocidades, contra si mesmo, contra os outros e contra os próprios filhos pois mais tarde ou mais cedo a balela vai vir à tona.
Já entrou nessa roubada? Arrependa-se meu chapa. Depende disso para sobreviver? Passe a depender do Senhor. Acha que não está enganado? Dobre o joelho, meu amigo, você está piamente enganado. Você está fazendo isso tudo deliberadamente? Confesse isso à sua congregação, arrependa-se e passe a depender do Senhor.